Introdução

Introdução

Pode-se dizer que o conhecimento desta doença não é muito antigo. As primeiras descrições do Mieloma Multiplo (MM) datam do século XIX. Em 1840 pela primeira vez foram feitas descrições das alterações encontradas nos ossos de doentes com esta patologia1. Alguns anos depois, Bence Jones2 descreveu o aparecimento de uma proteína na urina destes doentes, que passou a ter o seu nome. Mais de um século após esta data Edelman e Gally3, mostraram que a proteína encontrada na urina era a mesma que estava no sangue. Começava a estruturar-se um conjunto de informações que iria levar a uma mais rápida identificação desta doença.

Nos últimos anos porém, tanto o conhecimento sobre esta doença, como o tratamento evoluíram muito. Surgiram novas terapêuticas, com a introdução de agentes imunomoduladores como a talidomida e a lenalidomida bem como dos inibidores da proteases.

Apesar de tudo isto o Mieloma Múltiplo mantém-se uma doença desconhecida para a maioria da população. Se o seu médico lhe disser que tem Mieloma Múltiplo é natural que muitas dúvidas se levantem. Provavelmente nunca ouviu falar desta doença, ou, mesmo se já teve conhecimento deste diagnóstico, não é bem claro que saiba de que doença estamos a falar. Não é de admirar, uma vez que se trata de uma doença rara. Na verdade, a incidência desta doença na Europa anda à volta de 3 por 100.000 habitantes/ano. Isto quer dizer que em Portugal, que tem 10.000.000 de habitantes, se espera que haja num ano 300 novos casos desta doença. Alguns destes casos não chegam a ser diagnosticados. Felizmente não foi esse o seu caso, o que vai permitir ao seu médico prescrever-lhe a terapêutica adequada.
Apesar de se manter uma doença incurável, as novas abordagens terapêuticas com os novos medicamentos têm permitido obter melhores taxas de resposta, períodos de sobrevida livre de doença mais prologados e um aumento da sobrevivência global. O que nos leva a concluir que com as novas terapêuticas se conseguiram melhorias consideráveis na evolução desta doença4.
Vamos começar por responder a algumas dúvidas mais frequentes e depois descreveremos mais em pormenor a doença. Falaremos sobre o que o médico pode fazer pelo doente, mas também o que o doente pode fazer por si próprio, e esta é sempre uma parte muito importante, qualquer que seja a doença.

Depois de tomar conhecimento de alguns dados, vai poder, juntamente com a sua família, enfrentar alguns obstáculos e viver a sua vida de uma forma mais positiva.

 

1 Solly S. Remarks on the pathology of mollities ossium with cases. Med Chir Trans Lond. 1844;27:435-461.
2 Bence Jones H. Chemical pathology. Lancet. 1847;2:88-92.
3 EDELMAN GM, GALLY JA. ,J Exp Med. 1962 Aug 1;116:207-27.
4 Improved survival in multiple myeloma and the impact of novel therapies. Kumar SK, Rajkumar SV, Dispenzieri A, Lacy MQ, Hayman SR, Buadi FK, Zeldenrust SR, Dingli D, Russell SJ, Lust JA, Greipp PR, Kyle RA, Gertz MA. Blood. 2008 Mar 1;111(5):2516-20.

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